sábado, 1 de junho de 2019

02 de junho é Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares. Saiba mais sobre a doença.

 
O dia 2 de junho é reconhecido internacionalmente como o Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares. A data, oficializada pela Academy for Eating Disorders, tem como objetivo promover ações mundiais para conscientizar, sensibilizar e informar a população sobre os problemas relacionados aos distúrbios alimentares. O Brasil será uma das sedes das ações que ocorrem no mundo inteiro.
 

Em São Paulo, as ações acontecem no Parque Villa-Lobos e são frutos de um trabalho da Associação Brasileira de Transtornos Alimentares (ASTRAL) em conjunto com o Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (AMBULIM – Ipq – HCFMUSP), com o Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares da Universidade Federal de São Paulo (PROATA – UNIFESP) e com o Grupo Especializado de Nutrição, Transtornos Alimentares e Obesidade (GENTA). Além de São Paulo, outras cidades pretendem aderir à iniciativa, como Curitiba e Belo Horizonte.
 
O transtorno alimentar foi descrito pela primeira vez em 1959 por Stunkard, e incluído no Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais (DSM) em 1994, assim como a anorexia e a bulimia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) atinge em torno 2,6% da população do mundo. No Brasil, 4,7% (aproximadamente o dobro da taxa mundial) da população tem algum tipo de transtorno alimentar, sendo mais recorrente entre jovens de 14 a 18 anos. Um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde revela que 77% das jovens em São Paulo apresentam propensão a desenvolver algum tipo de distúrbio alimentar, como anorexia, bulimia e compulsão por comer. Cerca de 49% das pessoas que apresentam o transtorno são obesas, sendo que 15% são obesas mórbidas.
 
De acordo com o Prof. Dr. Mario Louzã, médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha, e Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo; a TCAP se caracteriza pela ingestão, em um curto período de tempo, de uma quantidade exagerada (e desnecessária) de alimentos. Durante o episódio de compulsão alimentar, a pessoa se sente incapaz de controlar a ingestão excessiva, mesmo sabendo que está agindo fora do padrão habitual de alimentação. Além disso, a pessoa com TCAP não para de comer, mesmo já tendo a sensação de saciedade e o desconforto abdominal pela ingestão exagerada. É comum a pessoa preferir comer sozinha, sem ninguém olhando, pois ela se sente culpada e envergonhada quando se dá conta do quanto comeu.
 
Não são todos os pacientes que relatam a compulsão alimentar como uma forma de aliviar a ansiedade. No entanto, há evidências da relação do TCAP com os transtornos de ansiedade e de humor, pois a comida, em um primeiro momento, alivia os sintomas dos transtornos acima citados. “O problema são as consequências deste suposto bem-estar. Quem sofre de TCAP está sujeito a uma série de doenças como obesidade e diabetes tipo 2. Com o sobrepeso, surgem os distúrbios emocionais como depressão, síndrome do pânico, baixa autoestima, entre outros”, afirma Dr. Mario Louzã.
 
O tratamento do TCAP se faz com medicamentos que controlam a compulsão, associados à terapia comportamental ou psicodinâmica. O acompanhamento de um profissional de nutrição também é importante para a mudança dos hábitos alimentares. De acordo com um estudo da Universidade de Munique, na Alemanha, a recuperação dos acometidos pelo TCAP acontece da seguinte forma: melhora considerável durante a terapia e estabilidade em cerca de 4, 5 ou 6 anos ao término do tratamento.
 
“Vale deixar claro que o TCAP é diferente da bulimia nervosa. Nesta última, a culpa pela compulsão alimentar resulta na indução do vômito ou no uso de laxantes ou diuréticos. Para o tratamento do TCAP é fundamental buscar ajuda médica especializada, pois o apoio e o controle da família e dos amigos não são suficientes para superar a doença”, conclui o psiquiatra

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