Documentário “Diários de Classe” discute a educação de mulheres invisibilizadas pelo sistema
Filme aborda questões que permeiam o aprendizado na periferia de Salvador e ainda incita uma reflexão urgente sobre as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
Brasil, 2017 | documentário, 72min – Cor
Brasil, 2017 | documentário, 72min – Cor
Racismo, machismo, desigualdade social, preconceito e precariedade da educação são alguns dos temas abordados neste documentário. Em “Diários de Classe”, os diretores Maria Carolina e Igor Souza abordam como todas essas questões refletem na educação de jovens e adultos periféricos em um sistema que os ignora historicamente. Porquê de essas mulheres - que representam os mais de 13 milhões de brasileiros analfabetos - estarem na classe de aula em sua vida adulta? Qual seria o motivo que as afastou durante tanto tempo da escola?
Nas salas de aula de uma penitenciária e em escolas da periferia de Salvador são apresentadas três personagens que guiam o filme: Tifany Moura, Vânia Costa e Maria José Santana. As falas e história destas mulheres negras e ignoradas por uma sociedade estruturalmente racista são diferentes nos mais diversos aspectos, mas na montagem, o filme estabelece uma consciência sutil do elo que conecta a experiência de cada uma destas personagens.
Tifany está em sua trajetória de descoberta com a transsexualidade; Vânia é mãe, encarcerada e tenta aprender o Código Penal para se defender no tribunal; e Maria José tenta conciliar seu emprego de doméstica com os estudos. Ao mesmo tempo que as histórias têm em comum a exclusão de oportunidade e o preconceito derivados de relações de poder e opressão, “Diários de Classe” revela mulheres com uma disposição extraordinária para refletir e agir contra estas posições sócio-históricas forçosamente impostas.
Além disso, a obra observa também as dificuldades de se aprender e ensinar. Os professores assumem papéis que vão além de educadores, são conselheiros e incentivadores de que seus alunos se livrem das amarras que a sociedade os impõem.
Neste ponto, o filme levanta uma reflexão urgente diante das recentes Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação, uma vez que se prevê a realização de até 20% da carga horária do Ensino Médio na modalidade de Educação à Distância (EaD) e, no caso da Educação para Jovens e Adultos (EJA), essas escolas onde o filme se passa, se permite que até 80% do curso seja extra-presencial. Isto é, praticamente se extingue os encontros presenciais e provocadores também responsáveis pela formação crítico sobre a realidade que esses alunos das EJA’s estão inseridos.
Neste ponto, o filme levanta uma reflexão urgente diante das recentes Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação, uma vez que se prevê a realização de até 20% da carga horária do Ensino Médio na modalidade de Educação à Distância (EaD) e, no caso da Educação para Jovens e Adultos (EJA), essas escolas onde o filme se passa, se permite que até 80% do curso seja extra-presencial. Isto é, praticamente se extingue os encontros presenciais e provocadores também responsáveis pela formação crítico sobre a realidade que esses alunos das EJA’s estão inseridos.
A diretora Maria Carolina explica que o objetivo do filme é “contar a história de vida dessas pessoas e o que as levaram a estar dentro da sala de aula já adultas, atrás de aprender aquilo que lhes foi roubado na infância, os estudos”. Igor Souza, diretor, complementa “houve uma prontidão por parte da equipe para se adaptar às situações e uma compreensão por parte das personagens da possibilidade de ampliação de suas vozes”.
O filme participou do 50º Festival de Brasília, 2º Mostra de Cinema Contemporâneo do Nordeste, 7º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba e é a segunda vez que os diretores trabalham junto em uma produção, sendo a primeira o curta de animação “Entroncamento” (2015).
O filme participou do 50º Festival de Brasília, 2º Mostra de Cinema Contemporâneo do Nordeste, 7º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba e é a segunda vez que os diretores trabalham junto em uma produção, sendo a primeira o curta de animação “Entroncamento” (2015).
Com produção da Lanterninha Produções e distribuição da Elo Company, “Diários de Classe” estreia dia 07 de março em 20 salas de 19 cidades do país pelo Projeta às 7, parceria da distribuidora com a Cinemark que abre uma nova janela para o cinema nacional.
SINOPSE
“Diários de Classe” acompanha o cotidiano de três mulheres – uma jovem trans, uma mãe encarcerada e uma empregada doméstica –, estudantes de centros de alfabetização para adultos em Salvador. Embora trilhem caminhos distintos, suas trajetórias coincidem nos preconceitos e injustiças sofridos cotidianamente. O documentário em estilo direto aposta no recorte espacial da sala de aula a fim de se aprofundar no dia a dia dessas personagens, revelando suas tentativas diárias de contornar o apagamento sistemático de suas existências.
FICHA TÉCNICA
Direção - Maria Carolina da Silva e Igor Souza
Assistente de Direção - Érika Saldanha
Montagem – Iris de Oliveira e Maria Carolina da Silva
Fotografia - Gabriel Teixeira
Produção Executiva - Maria Carolina da Silva e Sylvia Abreu
Direção de Produção - Érika Saldanha
Finalização de imagem e som - Cinemática Audiovisual
Supervisor de Pós-Produção - José Augusto De Blasiis
Patrocínio - Arte em Toda Parte ano III
Produção - Lanterninha Produções
Finalização - Cinemática Audiovisual
Distribuição - Elo Company
NOTA DOS DIRETORES
“Ao mesmo tempo em que também encontramos histórias de mulheres fortes, guerreiras, que ainda que privadas de suas liberdades, estavam ali dentro da escola, a maioria ainda aprendendo a ler e escrever. Acredito que não exista uma única forma de ser mulher, somos muitas e diversas. Mas vivemos todas em uma sociedade que nos quer submissas e cativas e encontrar essas mulheres, com histórias tão diferentes da minha, foi unir forças, criar laços e afirmar que não estamos sozinhas”
Maria Carolina, janeiro de 2019
“Perceber que uma narrativa se dá dentro de seu potencial de transformação pessoal e não na hierarquia social, mostra que nenhuma vida é ordinária quando se tem a autonomia de construir a sua própria ordenação de mundo.”
Igor Souza, janeiro de 2019
OS DIRETORES
Maria Carolina
Formada no Bacharelado Interdisciplinar em Artes, Maria Carolina é cineasta, produtora, montadora e roteirista. A artista está na área do audiovisual desde 2003. Atua com documentário, animação e ficção live action, tendo dirigido três curtas metragens: o documentário “Santo de Casa”, a animação “Entrocamento” e a ficção “Corte Seco”.
Em 2019, Maria lança seu primeiro longa-metragem, o sensível “Diários de Classe”. Com uma direção cuidadosa, o filme trata com força a trajetória de três mulheres em processo de alfabetização, sendo uma presidiária, uma moça trans e uma empregada doméstica.
Igor Souza
Formado em Arquitetura, Igor Souza atua como diretor audiovisual, diretor de arte, pintor e ilustrador. Em 2007 e 2009 esteve na França e na Alemanha, respectivamente, produzindo cenários para montagens de espetáculos brasileiros e em 2008 recebeu o convite para participar como pintor da semana do Brasil na Rússia (Moscou). Além das exposições individuais apresentadas em Salvador, Igor expôs seus trabalhos em Berlim e teve publicado o livro-objeto “TRES”.
Atualmente dedica-se à produção audiovisual, em parceria com Maria Carolina, sendo indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2017 com o curta metragem em animação “Entroncamento” e lança em 2019 o seu primeiro longa documental “Diários de Classe”.
CRÍTICAS E COMENTÁRIOS
“O filme é repleto de questões cruciais e, longe de se apresentar inchado na sua apresentação, deve suscitar ainda muitas discussões futuras”. A Tarde (setembro/2017)
“Diários de Classe, plural como seu título, oferece inúmeras camadas e temas. Como uma mestra consciente do quanto pode aprender com os alunos, a direção se coloca totalmente à serviço dessas vozes em geral caladas e ignoradas, fortalecendo-as”. Adoro Cinema (junho/2018)
LANTERNINHA PRODUÇÕES
Fundada em 2007 com o objetivo de fornecer consultoria em gestão de projetos voltados para o desenvolvimento sustentável, a empresa teve entre seus clientes a Bahia Mineração, o Banco Mundial e a Fundação Instituto da Hospitalidade.
Um ano depois, ampliou as suas atividades incluindo a produção audiovisual em seu currículo, com a entrada da sócia Maria Carolina. É então, que desenvolve seu primeiro projeto, o Projeto Lanterninha, para formação de platéia para o cinema brasileiro a partir da construção de cineclubes. O programa aconteceu entre 2008 e 2012 em 18 escolas públicas da rede estadual de ensino da Bahia e, no decorrer desse tempo, a empresa troca seu nome para Lanterninha Produções.
A produção em animação vai acontecer em 2013 com a produção do curta “Entroncamento” e o início da parceria com o artista Igor Souza. Os documentários chegam em 2015 com a realização de “Santo de Casa”, um curta metragem que mergulha numa história de família durante uma festa para Cosme e Damião.
Atualmente, a Lanterninha produz a série “Aventuras de Ami”, em co-produção com a Movioca Contenct House, e faz a circulação em festivais de cinema do seu primeiro longa metragem, o documentário “Diários de Classe”, enquanto prepara a sua distribuição no circuito comercial, em parceria com a Elo Company.
ELO COMPANY
Empresa especializada em produção e distribuição audiovisual fundada por Ruben Feffer, Flavia Feffer e Sabrina Nudeliman. No mercado há 13 anos, conta com uma estrutura completa de desenvolvimento de conteúdo, curadoria, planejamento de distribuição e vendas nacionais e internacionais. São mais de 400 títulos em seu lineup, entre eles “O Menino e o Mundo”, “S.O.S: Mulheres Ao Mar 2”, e o documentário “Espaço Além: Marina Abramovic e o Brasil”, além de títulos de importantes produtoras brasileiras, como RT Features, Paranoid e Ananã. Seu longa mais recente é "Tito e os Pássaros", exibido em grandes festivais como o de Annecy, Toronto e Los Angeles, além de ser premiado no Anima Mundi e pré-indicado ao Oscar de 2019. Para o próximo ano, a Elo prevê lançar 30 títulos nos cinemas, com destaque para "Rio Santos", "Cravos", "Torre das Donzelas" e "Mussum – O Filme do Cacildis".
A Elo Company tem entre seus principais objetivos conectar produções brasileiras com o mercado internacional e desenvolver novos modelos de negócios, como o Selo ELAS e o Projeta às 7. O Selo ELAS tem o intuito de fomentar projetos de longa-metragem com direção feminina e teve o seu primeiro lançamento em 2018, com o filme "Amores de Chumbo". O Projeta às 7, iniciativa em parceria com a Cinemark, também começou em 2018 com o objetivo de ressaltar o cinema nacional e já lançou mais de 14 filmes dos mais diversos gêneros – do terror ao documentário esportivo.
PROJETA ÀS 7
Iniciativa da Cinemark e Elo Company que abre uma nova janela para o cinema brasileiro. Os filmes participantes são de diversos gêneros, vindos de norte a sul do Brasil, dirigidos por homens e mulheres consagrados ou iniciantes, e ganham sessões de pré-estreia de segunda a sexta-feira, às 19h, com preços especiais de R$ 12 e exibição simultânea em 20 salas de cinema em 19 cidades do Brasil: São Paulo (Shoppings Eldorado e Santa Cruz), Rio de Janeiro (Downtown), Aracaju (Shopping Jardins), Belo Horizonte (Pátio Savassi), Brasília (Pier 21), Campinas (Iguatemi), Campo Grande (Shopping Campo Grande), Cuiabá (Shopping Goiabeiras), Curitiba (Shopping Miller), Goiânia (Shopping Flamboyant), Londrina (Boulevard Londrina), Natal (Midway Mall), Porto Alegre (Barra Sul), Recife (Riomar), Ribeirão Preto (Novo Shopping), Salvador (Salvador Shopping), Santos (Praiamar), São José dos Campos (Colinas) e Vitória (Shopping Vitória)
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Equipe Blog Leite Quentee news