O importante é não entrar em pânico, para não piorar a situação
“Algumas pessoas acham que foco significa dizer sim para a coisa em que você irá se focar. Mas não é nada disso. Significa dizer não às centenas de outras boas ideias que existem. Você precisa selecionar cuidadosamente” - Steve Jobs
Não há muito como fugir deste ponto, que é um grande lugar comum. Manter o foco já é algo difícil em uma empresa que esteja em seu curso normal. As tentações são muitas e os pequenos assuntos têm uma sedução toda sua. Porém, a verdade é que cuidar do foco é ainda mais difícil quando se está numa crise, pois, requer mais acompanhamento e atenção por parte dos gestores.
No momento em que estamos em crise, uma série de fatores parecem se unir para tornar a manutenção do foco virtualmente impossível. O fato é que quanto maior a intensidade da “turbulência”, maior será o número de elementos que oferecerão a oportunidade de tirar o seu foco daquilo que é importante e, possivelmente, urgente.
Um exemplo que gosto muito de usar é a história da orquestra que toca enquanto o Titanic afunda. Não há confirmação de qual foi a música, os filmes usam “Nearer, My God, To Thee” (“Mais perto de ti, meu Deus”), mas são muitos os relatos de que a banda tocou a maior parte do tempo em que o navio afundava.
Os músicos não tocaram por amor à música ou porque o evento exigisse. Muito menos por conta de disciplina ou bom senso. Tocaram porque todos estavam com o seu bom senso sequestrado por conta do pavor. Não ocorreu a ninguém ordenar que parassem. Mas isto não deveria ser surpresa, afinal, não ocorreu a ninguém encher os botes salva-vidas antes de despachá-los, nem ao comandante diminuir a velocidade do navio estando em águas com icebergs.
O sequestro do bom senso é algo muito comum e já foi tema de um artigo aqui. O ponto é: face a um perigo iminente boa parte das pessoas “congela”.
Como fazer para não “congelar” e focar no que interessa?
Pessoalmente, sou fã de duas técnicas que divido em:
- O líder deve estabelecer acompanhamento de curto prazo.
No meio de uma tempestade brava mesmo, eu converso com os gerentes todos os dias. Por poucos minutos, mas todos os dias. Desta forma, posso alinhar constantemente os processos que são mais importantes e dentro do foco. Também posso monitorar o clima e as condições destes gestores face às dificuldades enfrentadas. Óbvio que neste caso o líder não deveria ser pessoa sujeita a “congelamentos”. Se for, melhor passar o bastão para alguém que consiga “manter sua cabeça sobre os ombros”, mesmo na pior tempestade;
- Pequenos sucessos!
Não mire em grandes realizações no meio da crise. É importante estabelecer uma série de pequenos objetivos alcançáveis, para que a equipe sinta que mesmo nos piores momentos são capazes de obter sucessos.
Este segundo ponto é muito importante! O pânico é uma sensação de medo sem um motivo justificado, e é algo que, infelizmente, pode contagiar as pessoas ao redor. Assim como o riso. Por exemplo, quando começamos a rir simplesmente porque outras pessoas estavam rindo. Nossas emoções são sequestradas tanto para o riso quanto para o medo. Trata-se de uma reação que ativa o córtex pré-motor, uma região do cérebro, de maneira específica. Só que no segundo caso os efeitos podem e geralmente são desastrosos.
Sob pânico dificilmente conseguimos ordenar nossos pensamentos, com isso, a tendência a ampliar os problemas e riscos é grande. Quantas vezes não tomamos conhecimento de grandes massas que são estimuladas ao desespero por um motivo muito pequeno, tal como um incêndio sem grandes proporções, e na sequência o pavor gerado mata muito mais pessoas pisoteadas na ânsia de saírem do local do que pelo evento em si?
Então, mantenha em mente que o pânico deve ser evitado a todo custo, que o acompanhamento diário e os pequenos sucessos devem ser incentivados.
Por Flávio Ítavo, especialista em turnaround (recuperação de empresas)
Executivo com 30 anos de experiência em empresas multinacionais e nacionais de grande porte de diferentes segmentos, atualmente, Flávio Ítavo é um dos maiores especialistas em Turnaround, focando seus esforços na recuperação de empresas e readequação aos novos tempos do mercado. Também tem uma carreira sólida como negociador, na criação de alianças, joint ventures, compra e venda de empresas, desenvolvedor de estratégias e táticas de sucesso, criador e iniciador de novos segmentos, produtos e mercados.
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