KAZA |
Solo de Fabiana Ferreira da Tecer Teatro provoca reflexão sobre o drama
dos refugiados.
E se, de repente, você
fosse obrigado a fugir do seu país, deixando para trás sua casa, sua família,
levando apenas os pertences que consegue carregar? E se você não tivesse para
onde ir? E se chegasse a um lugar onde ninguém consegue entender o que você
fala, sente? Infelizmente, essa é a realidade de milhões de pessoas no mundo. A
cada três segundos uma pessoa passa
por situações similares, por causa de conflitos econômicos, políticos e
sociais. Vivemos atualmente a mais grave crise de refugiados desde o fim da II Guerra Mundial, em 1945. De acordo com
a ONU (Organização das Nações Unidas) são 75,6 milhões de pessoas fugindo de guerras, violência ou perseguição.
Desse número de imigrantes 22,5 milhões são refugiados.
Pessoas
em situações de extrema adversidade como essas que perdem tudo, mas que, mesmo
em meio ao caos, seguem lutando para manter a esperança e a dignidade
inspiraram a criação do mais novo espetáculo da Tecer Teatro de Curitiba. “KAZA
não trata apenas de situações de guerra ou de exílio. É sobre ter que partir,
sobre perdas e suas consequências, em como sobreviver a essas experiências.
Perder a família, um filho, a terra, a cultura. Ser obrigado a deixar seu país,
sua cidade, a língua natal, o emprego, a casa. Sua história, seu passado e tudo
o que nos representa. Os planos para o futuro, o sonho e a esperança. Perder o
chão, perder o norte. Sobre morrer e renascer. Ou morrer em vida”, conta a
diretora Cristine Conde.
O solo interpretado pela atriz Fabiana
Ferreira, estreia dia 17 de março
(sábado), às 20h, no Espaço Excêntrico (Mauro Zanatta). A temporada segue até
dia 08 de abril, sempre aos sábados e domingos, às 20h. Além das
apresentações abertas, o projeto prevê 12 apresentações gratuitas, desde que
agendadas previamente, voltadas para público de escolas da rede pública,
entidades assistenciais, pessoas com necessidades especiais, imigrantes, alunos
de artes, entre outros.
Kaza aborda também a questão
da incomunicabilidade. “A língua materna é a substância de que é feita a nossa
alma”, diz Paulo Leminski, no posfácio de “O Inominável”, de S. Beckett, obra e
autor que, entre outros, serviram como referências ao trabalho. A personagem,
em uma situação de desespero, movida pelo medo e pelo instinto de
sobrevivência, tenta se comunicar, mas não é compreendida, apesar de falar em
11 línguas diferentes, entre elas: português, árabe, corso, alemão, irlandês,
holandês, francês, espanhol e até galês. O texto é curto, não apresenta uma
narrativa, é composto por palavras soltas, de significado universal e de
familiaridade sonora. O som e a palavra ora se manifestam quase como um grito
impossível de conter ora como um lamento. Quem assina o trabalho vocal é Edith
de Camargo. A trilha, a cargo de Tiago Constante, é executada ao vivo e é
companhia no caminho da personagem desde o primeiro dia de ensaio. A forte fisicalidade é uma
característica da Tecer e neste trabalho Airton Rodrigues é o responsável pela
preparação corporal da atriz.
Assim
como os que passam pela experiência de tornar-se de alguma forma refugiado ou
exilado, a personagem alimenta o desejo de voltar para casa, sem saber que, na
verdade, a ruptura com o passado é permanente. “O nome escolhido para o
espetáculo aponta este desejo ampliando seu significado, do micro ao macro
universo, KAZA tem relação com a origem, a alma, a essência, o planeta”, conta
Fabiana que também é a idealizadora e produtora do projeto.
“Minha
personagem é uma sobrevivente, luta pela vida em meio aos mortos, as peças de
roupas que compõem o cenário, assinado também pela diretora, representam essas
pessoas e suas histórias. São como peles com as quais a personagem tenta se
reconstruir. Nossa intenção com este projeto é dar visibilidade para essas
pessoas traumatizadas pelo sofrimento e desespero. Afinal, o que sobra, quando
perdemos tudo o que amamos? Kaza aponta para o caminho da luta e da
transcendência”, finaliza.
Este projeto é uma realização da
Tecer Teatro – Arte, Educação e Cultura e foi incentivado pelo Banco do Brasil
por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
Serviço:
O
quê:
Espetáculo Teatral Kaza
Quando: 17 de março a 08 de
abril (sábados e domingos)
Que horas: 20h
Onde: Espaço Excêntrico (Mauro Zanatta)
Endereço:
Rua
Lamenha Lins, 1429 - Rebouças
Telefone: (41) 4127 4702
Quanto: R$ 10 e R$ 5
(meia-entrada)
Classificação: 14 anos
Duração: 50 minutos
Realização: Tecer Teatro – Arte, Educação e Cultura
Contatos:
Assessoria de Imprensa
Glaucia Domingos
41 99909
7837
Produção
Fabiana Ferreira
41 99243 0322
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