segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Livraria da Vila (Pátio Batel).

Livro traz à tona história obscura sobre o nazismo na América do Sul




Entre a Suástica e a Cruz, do historiador curitibano Wilson Maske, conta episódio de nazificação entre o pacífico povo menonita; lançamento será no dia 22 de novembro

Curitiba PR BRASIL 2016- Uma colônia menonita no interior do Paraguai que tem a paz perturbada com a nazificação de alguns dos seus moradores nos anos 1930 e 1940. Parece argumento de filme, mas este é o ponto de partida do livro Entre a Suástica e a Cruz – A fé menonita e a tentação totalitária no Paraguai do historiador curitibano Wilson Maske. A obra, fruto da tese de doutorado do autor, será lançada no dia 22 de novembro, às 19:30 horas, na Livraria da Vila (Pátio Batel). 


Entre a Suástica e a Cruz relata um fato real ocorrido na colônia de Fernheim, no Paraguai, no período entre 1933 e 1945, quando um grupo de jovens (os völkisch)guiados por um líder carismático tenta transformar sua vida e a de sua comunidade pela adoção dos princípios radicais do nacional-socialismo. Mas, como a ideologia nazista tinha características inconciliáveis com a doutrina menonita, fortemente assentada em valores cristãos e pacifistas, o movimento encontrou resistência até ser totalmente sufocado dentro da colônia. 

O relato apresentado por Wilson Maske no livro Entre a Suástica e a Cruz é entendido como um episódio único na História. Este fato torna a leitura ainda mais instigante e cheia de detalhes curiosos a serem desvendados pelos capítulos

À primeira vista, o caso se mostra como uma simples querela religiosa. Posteriormente, percebe-se que o fato tem raízes bem mais profundas do que a princípio se imaginara e que remontam a características da sociedade germânica, à qual a comunidade menonita está ligada. “Pode-se até dizer que o evento de Fernheim repete em escala micro, o drama que se desenrolou na Alemanha nesse mesmo período, no qual os nazistas assumiram o governo do país e estabeleceram uma ditadura totalitária. Mas, diferentemente do que ocorrera na Alemanha, a pequena comunidade de Fernheim percebeu a forte contradição entre nazismo e cristianismo, enfrentou o movimento völkisch e derrotou-o”, narra Maske.

Sob a justificativa de resgatar a juventude “rebelde” e desestimulada da colônia de Fernheim, professores locais, liderados por Fritz Kliewer, iniciaram um trabalho de divulgação do nacional-socialismo designado de Movimento Völkisch. Aos poucos o movimento dividiu a colônia e passou a inquietar os menonitas adultos e anciãos. Kliewer chegou a ser diretor da escola de Fernheim e a colocar no comando adminsitrativo da colônia outro seguidor da ideologia nazista. “Os menonitas tradicionais passaram a enxergar o perigo nazista como algo anti-cristão e buscaram ajuda junto ao governo paraguaio e ao Comitê Menonita da América do Norte”, relata Maske. 

Num momento da história em que a civilização vive uma crise humanitária movida pela intolerância religiosa e racial, a leitura de Entre a Cruz e a Suástica se torna ainda mais interessante.

Sobre Wilson Maske

Doutor em História pela Universidade Federal do Paraná. É professor de História Contemporânea na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pesquisa principalmente os seguintes temas: imigração, história das religiões e relações internacionais.

Serviço:
Lançamento de Entre a Suástica e a Cruz – A fé menonita e a tentação totalitária no Paraguai (Editora Máquina de Escrever)
Dia 22 de novembro
19 horas
Livraria da Vila – Pátio Batel

Trecho:
“Pode-se até dizer que o evento de Fernheim repete em escala micro, o drama que se desenrolou na Alemanha nesse mesmo período, no qual os nazistas assumiram o governo do país e estabeleceram uma ditadura totalitária. Mas, diferentemente do que ocorrera na Alemanha, a pequena comunidade de Fernheim percebeu a forte contradição entre nazismo e cristianismo, enfrentou o movimento völkisch e derrotou-o.”

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