domingo, 28 de agosto de 2016

O “luxo” Neoclássico\ Por Maicon Rodolfo Hamm

O “luxo” Neoclássico
Arquiteto Maicon Rodolfo Hamm

Ao analisarmos a história da Arquitetura mundial, vamos constatar que, assim como as artes, esta é reflexo do contexto social de determinado período na história.
Denominamos de Clássico o período compreendido entre os séculos VI a IV a.C na Grécia. O Clássico representa um momento de grande expressão artística e cultural, com desenvolvimento de uma arquitetura de grande esplendor, reconhecida pela perfeição das proporções matemáticas aplicadas aos materiais e tecnologias construtivas da época.  
Pártenon, um dos mais belos templos da Acrópole de Atenas, impressiona até hoje não somente por sua perfeição, mas também pela técnica e materiais empregados na sua edificação.
As obras deste período foram predominantemente executadas em blocos maciços de mármore branco, o que justifica o pequeno vão entre as colunatas, cuja função era suportar o grande bloco horizontal denominado de arquitrave e que suporta sobre si o frontal do edifício, lembrando que à época os operários não dispunham de gruas e guindastes.
Como citamos no artigo anterior, por vezes a proporção Divina foi redescoberta pelo homem e após a idade média com os anseios pelo Renascimento eis que surge o Classicismo, séculos XIV a XVI. O classicismo foi um movimento cultural que valorizava e resgatava elementos artísticos da cultura clássica greco-romana, ou seja, foi o reflexo do anseio da sociedade pela detenção do conhecimento esquecido na idade média.
Alguns artistas de renome deste período foram: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, Andrea Mantegna e o arquiteto Andrea di Pietro della Gondola.
Mas aonde queremos chegar hoje é ao período Neoclássico, século XVIII ao século XIX, cuja característica foi fundada no estudo da arquitetura classicista do século XVI como resposta ao Rococó, ao Barroco e à busca pelo Racionalismo.
O Neoclassicismo se tornou o estilo dos estados burgueses enriquecidos com a industrialização e esteve presente na arquitetura de vários países, incluindo os Estados Unidos, Itália e Alemanha, mantendo-se apenas como ideologia e perdendo inclusive qualquer significado histórico.
Em plena Revolução Industrial já não fazia mais sentido se edificar reproduzindo técnicas e formas obtidas pelos materiais rudimentares empregados nos séculos passados, portanto o desenvolvimento do Neoclassicismo contribuiu para o aprimoramento da crítica arquitetônica e favoreceu a transposição do Iluminismo na arquitetura, afirmando princípios relacionados ao Racionalismo e o Funcionalismo.
Estas novas percepções conduziriam a um novo ideal estético, com preferência para formas geométricas e ao resgate do verdadeiro sentido Vitruviano da arquitetura, a funcionalidade.
Foi no início do século XIX, com a descoberta de novas técnicas de fabricação de aço e a subsequente chegada das ferrovias que a arquitetura passou a experimentar uma verdadeira revolução.
São obras características deste período a Ponte do Brooklyn em NY, o Palácio de Cristal em Londres e, já na metade do século, a famosa torre de Gustave Eiffel em Paris, sendo reconhecida até hoje como a maior construção de ferro.
A inauguração da torre em 1889 também resultou no primeiro uso em grande escala do elevador para passageiros e abriu o precedente para a construção dos primeiros arranha-céus.
Após todo este contexto histórico, fica nítido que a Proporção Divina não deixou de existir ou perder seu valor, mas sofreu uma visível alteração de escala.
Apesar da crescente verticalização das edificações e o desenvolvimento de um novo estilo arquitetônico adaptado às novas tecnologias e materiais, a Razão Áurea sempre estará presente na arquitetura de qualidade, seja esta de forma evidente ou de forma mais sutil, mas sempre sendo reconhecida por promover um olhar diferenciado até mesmo ao observador mais leigo neste assunto.
Qualquer obra edificada em pleno século XXI será sempre uma obra Contemporânea, por mais que ela faça referência ao estilo Clássico, Neoclássico, Barroco ou à qualquer outro, ela nunca deixará de ser uma imitação contemporânea de algum estilo passado e jamais será uma obra legitima deste estilo, podendo ser considerada uma obra anacrônica.


 Arquiteto Maicon Rodolfo Hamm


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