Escritora promove bate-papo sobre livro O Menino que Pedalava
A escritora paranaense Cassia Cassitas, o ilustrador Iberá Júnior e a diretora de criação Lorena Guérios realizam, no dia 23 de junho, quinta-feira, às 19 horas, no auditório da Livraria da Vila, em Curitiba, um workshop sobre o processo de produção literária. O evento irá trazer para a plateia um pouco do trabalho prático do trio na obra O Menino que Pedalava, lançado pela editora Pandorga, no início deste ano.
O Menino que Pedalava é o terceiro livro da autora e levanta o debate sobre a inclusão a partir dos Jogos Paralímpicos. A obra traz reflexões sobre o tema que deveria receber mais atenção: os paratletas. Com muita sensibilidade, Cassia não apenas aponta para a necessidade de se prestar o apoio devido, mas também levanta questões sobre o impacto dos Jogos Olímpicos de 2016 para o Rio de Janeiro.
O livro foi lançado no Brasil em março de 2016, com as orelhas assinadas por Rolando Ferreira, o primeiro brasileiro a jogar na NBA. Cassia trabalhou quatro anos na composição da trajetória dos três personagens fictícios, que vivem em meio a fatos e paisagens reais. São trinta anos de uma historia pouco conhecida sobre os bastidores das olimpíadas, a dura jornada de um atleta e o poder de inclusão que o tripe educação, esporte e família pode ter.
Pela história de André, Cassia fala de superação, garra, coragem e solidariedade, e ainda abre o debate sobre as Paralimpíadas e os efeitos dos Jogos para a cidade do Rio de Janeiro. Sua ideia é apontar possibilidades, não apenas na vida dos leitores, mas também a partir de um legado olímpico positivo. “Decidi trazê-los (os paratletas) ao centro da narrativa para falar em possibilidades”, ressaltou. Segundo a autora, o grande desafio é abraçar a vida tal qual ela se apresenta, como fazem os paratletas. “Para diminuir a dor ou aumentar a alegria, se dedicam à prática esportiva e aprendem a vencer”, diz.
Durante as pesquisas, Cassia descobriu que as Paralimpíadas nasceram em um centro de reabilitação de veteranos de guerra. “Hoje, constituem um caminho de dignidade para pessoas que acreditam no que parece impossível. Minha maior dificuldade foi colocar em poucas palavras como essa decisão altera a trajetória de famílias e comunidades. A coragem é contagiante”, comenta.
Quanto ao legado dos Jogos, a escritora sonha que possam trazer para a cidade, por exemplo, a continuidade do processo de despoluição da Baía da Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas após as competições aquáticas, como ocorreu em Seul; a revitalização da zona portuária do Rio. Ela lembra que Atlanta ferveu em torno da construção dos alojamentos dos atletas. O Greenpeace foi decisivo nas obras de Sydney. Barcelona inaugurou práticas de revitalização urbana notáveis. Pequim enfrentava as chagas abertas por um terremoto enquanto a tocha cruzava o país.
“Com centenas de vagas garantidas por sermos a delegação anfitriã, acredito que veremos muitos brasileiros colecionando façanhas como fizeram os chineses em 2008. Porém, o meu maior desejo expressei nas palavras do personagem Mário: ‘quem sabe, através das arenas e Transcariocas, os jogos olímpicos consigam arraigar seus ideais na alma do brasileiro. E, apaixonada pelo esporte, a nação opere a grande transformação de corpos, mentes e instituições que levará as pessoas ao pódio da vida’”, sonha.
A autora
Nascida e criada numa cidade de 50 mil habitantes, Cassia morava há apenas dois quilômetros da biblioteca pública, seu destino praticamente diário durante as férias. Desde muito cedo, perto dos 10 anos de idade, gosta de registrar o que pensa. Para ela, sua literatura busca estimular o olhar do leitor em relação à vida, abordando assuntos corriqueiros, cuja inspiração tira de seu próprio ambiente.
“Gosto de pensar que meus livros ampliam o olhar do leitor”, diz. Ela procura não defender um único ponto de vista, ao contrário, trazer à tona várias nuances de um fato. “Escrevo para sacudir aquelas verdades que carregamos dentro de nós. Se perceber a oportunidade de fazer isso numa notícia de jornal, em uma discussão entre amigos, começo a pesquisar sobre o assunto”, confessa.
Com um método próprio, a autora desenha a estrutura da obra, subtópicos que deseja abordar e todos os personagens numa planilha. “Essa organização do texto me ajuda a provocar o leitor, até levá-lo ao questionamento e repensar suas certezas. Só assim podemos avançar”, explica.
SERVIÇO:
Produção Literária – Inspiração, Editoração e Ilustração
Dia 23 de junho – quinta-feira
19 horas
Livraria da Vila
Shopping Pátio Batel - Avenida do Batel, 1868
Evento aberto ao público
Livro O Menino que Pedalava
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