quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Documentário O Corte do Alfaiate, na É PARANÁ

É-Paraná exibe sexta-feira
documentário O Corte do Alfaiate
Apresentação será nesta sexta-feira (6), às 22h, em homenagem ao Dia do Alfaiate
A É-Paraná (Canal 9) apresentará nesta sexta-feira (6), às 22 horas, o documentário O Corte do Alfaiate, do diretor João Castelo Branco. A exibição é uma homenagem ao Dia do Alfaiate, comemorado nesta data. A transmissão pode ser vista ao vivo também pela internet.
O documentário é resultado de pesquisa publicada em 2009 sob o título 'Alfaiatarias em Curitiba'. Tanto a pesquisa como o filme foram feitos inteiramente em Curitiba, mas o diretor visitou este ofício em outras cidades. Ele conheceu alfaiates no Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e em Cuzco, no Peru. O filme teve pré-estreia no início de 2011, mas o lançamento oficial foi na 6ª CineOP, em Ouro Preto, em junho deste mesmo ano.
Entre paletós e calças que são riscados, cortados e montados, o filme mostra a arte da alfaiataria e suas tensões: moda, tradição, inovações tecnológicas e práticas artesanais.
Pesquisa – de acordo com o diretor, a ideia de fazer um filme sobre os alfaiates surgiu da vontade de dar continuidade à pesquisa que gerou o livro 'Alfaiatarias em Curitiba'. E este, por sua vez, resultou da vontade coletiva, dele e das antropólogas Valéria Oliveira Santos e Dayana de Cordova, de fazer um trabalho na área de antropologia da técnica sobre moda masculina que tivesse um pé na antropologia visual. “O filme também significava para mim um mergulho definitivo no cinema, o que eu vinha ensaiando havia alguns anos”, diz Branco.
Em um levantamento inicial, a equipe de produção identificou 60 alfaiatarias na cidade. Mas com o tempo eles perceberam que há um número muito maior. “Muitas vezes eles trabalham em uma alfaiataria como 'oficiais', que não são considerados exatamente alfaiates na estrutura de trabalho da alfaiataria maior. Alfaiate é o mestre, que risca e corta o terno. Oficial é quem costura. Contudo, os oficiais por vezes têm uma pequena alfaiataria no bairro junto às suas casas. Lá eles são alfaiates para uma clientela menor. Sabemos que são algumas centenas hoje na cidade”, afirma Branco. Foram ouvidos vários profissionais, mas 10 foram para o documentário como personagens.
A maioria entrou na profissão muito cedo, geralmente na pré-adolescência, como aprendiz. É uma profissão que esteve sempre ligada a uma estrutura de corporação de ofício. Em geral eles têm origem social humilde e seus pais os colocavam como aprendizes numa alfaiataria com o sonho da ascensão social.
Atualmente, os filhos de alfaiates são engenheiros, advogados, médicos, mas dificilmente seguem a profissão dos pais. A pesquisa identificou que os alfaiates têm dificuldades em transmitir a profissão nos dias de hoje. Por um lado porque os filhos querem profissões melhor remuneradas e por outro porque as leis trabalhistas não permitem mais a estrutura de aprendiz nas antigas alfaiatarias.
Mercado – o dia a dia com os alfaiates mostrou à equipe que eles sofrem com falta de mão de obra, mas não de procura. Se a quantidade de ternos sob medida diminuiu com a entrada de 'roupas prontas' no mercado, houve também uma diminuição drástica no número de profissionais. O terno sob medida vale hoje muito mais porque se tornou um artigo de luxo, diferente do que acontecia há 30 anos quando eram sob medida.
O filme tem metade de seu tempo com cenas de costura e a outra metade com depoimentos sobre a técnica, a história privada, as motivações e os problemas vividos pelos alfaiates.
Das quase 40 horas de material bruto de filmagem e das muitas horas de entrevistas, além de um livro e de um artigo publicado, os depoimentos que entraram no filme estão ali por serem muito especiais para mim, para a equipe de pesquisa e, acreditamos, para os alfaiates também”, disse Branco.

Nenhum comentário: