segunda-feira, 10 de junho de 2013

ARTE NEWS



As pinturas de Delson são densamente contaminadas com a vida, sendo algumas delas formadas por pedaços de sua biografia, espessos palimpsestos que acumulam pinturas feitas há 30 anos e que são incorporadas em novas pinturas, fraldas de filhos, roupas da família. Em outro ciclo, que eu costumo chamar de Pintura Habitada, o artista aplicava uma resina no chão de sua casa/ateliê. O formato do piso enformava os traçados da pintura. Como levavam semanas para ficarem prontas, as pinturas eram lavadas com lavanda junto com o resto da casa, recebiam passadas de cachorros, gatos e pessoas. Quando eram finalizadas descamavam feito pele madura que é facilmente retirada da derme.
Se Pintura Habitada era fruto de uma intensa interiorização, película nutrida e carregada da casa do artista, o ciclo que é apresentado nesta exposição parece representar o oposto: expansão.  Sua estória já começa na rua, quando Delson avista uma família se protegendo do sol com sombrinhas extremamente coloridas. A incidência do sol acende-as, causando o efeito de luz-cor, uma constante na pesquisa pictórica deste artista.
 
Cristina Tejo
 
Catarse cromático-luminosa nordestina. Os olhos acesos do artista detectam na paisagem a luz-cor movente. Ao abrigo do sol a pino, uma família ostenta prosaicas sombrinhas coloridas, como quem conduz pedaços de telas de Delson Uchôa em um passeio. Polyester tingido, descartável, mimetizando cores, genes e entropias tropicais. Made in China.
Insight! A performance casual da família nordestina consiste, sem sabê-lo, em tingir a paisagem com formas arredondadas e metáforas florais, sob os efeitos enebriantes da luz do sol em ângulo reto. O sol, esse astro, agente e reagente da cor. Canibal cromático!
Fantasias heliotrópicas: as sombrinhas são antenas que em movimentos ascendentes e retilíneos, conectam a terra e o céu, o solo e o sol. Flores a germinar na indomável natureza do sertão, aqui vista como tela de fundo, como plano à espera de ser matizado por vermelhos venosos e oxigenados, azuis atemporais e verdes-seiva cítricos que se emancipam, ao comando dos raios solares, da paleta de cores de obviedades desgastadas.
 
Eder Chiodetto
 
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Delson’s paintings are densely contaminated with life, some of which being formed by pieces of his biography, thick palimpsests which accumulate paintings made 30 years ago and that are incorporated into new paintings, children diapers, family clothes. In another cycle, which I use to call Inhabited Painting, the artist applied a resin on the floor of his house / studio. The format of the floor shaped the strokes of paint. As it took weeks to get the painting ready, they were washed with lavender along with the rest of the house, received paw and foot prints from dogs, cats and people. When finished, they would peel off as if they were mature skin that is easily removed from the dermis.
If Inhabited Painting was the result of an intense internalization, a film nourished and born out of the artist’s home, the cycle presented in this exhibition seems to represent quite the opposite: expansion. Its story starts in the street, when Delson sees a family protecting themselves from the sun with extremely colorful umbrellas. The light of the sun shines over them, creating the effect of light-color, a constant in the pictorial research of this artist.
 
Cristina Tejo
 
Northeastern Brazilian chromatic light catharsis. The lit artist’s eyes detect in the landscape the moving light-color. Under the noonday sun, a family sports prosaic colorful umbrellas, as if carrying pieces of a Delson Uchôa’s canvas on a ride. Dyed polyester, disposable, mimicking colors, tropical genes and entropies. Made in China.
Insight! The casual performance of the Northeastern family consists, without knowing it, in dyeing the landscape with rounded shapes and floral metaphors, under the enebrianting effects of sunlight at a right angle. The sun, this star, agent and reagent of color. The chromatic cannibal!
Heliotropic fantasies: the umbrellas are antennas which, in ascending rectilinear movements, connect the sky and the land, the soil and the sun. Flowers sprouting in the indomitable nature of the sertão, seen here as a backdrop, as a surface waiting to be tinted by venous and oxygenated reds, timeless blues and citric sap greens which emancipate themselves, to the command of the sunlight, from the color palette of worn truisms.
 
Eder Chiodetto
 
SIM GALERIAAl. Presidente Taunay 130A
80420-180 _ Curitiba PR

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Exposição de Ana Serafin será aberta na próxima terça-feira no Museu Guido Viaro

A espiritualidade transpassada nas obras abstratas da artista plástica Ana Serafin poderá ser apreciada na exposição do Museu Guido Viaro, em Curitiba, cuja abertura acontece na próxima terça-feira, 11 de maio, às 19h30. A mostra, que tem a curadoria da marchand Liliana Cabral, faz parte do Projeto Falando de Arte e poderá ser vista pelo público até o dia  29 de junho, de terça a sábado, das 14 às 18 horas. A mostra terá 24 obras em exposição, a maioria intitulada “Escada para o Céu”.  As obras transmitem o pensamento humano elevado a Deus em forma de oração.  Ana Serafin pinta profissionalmente há 14 anos. Ela integra o Grupo Arte-725 liderado por Edilson Viriato e formado por 18 artistas que têm em comum a abstração nas obras. Além do Paraná, Ana Serafin participou de exposições nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraíba, com destaque para o 60º Salão Paranaense do Museu de Arte Contemporânea, em Curitiba, no ano de 2003. A artista também tem incursões internacionais, com exposições na Espanha, Portugal e Argentina. Algumas de suas obras estão expostas em acervos de Portugal e da Espanha.

Serviço:
Falando de Arte – Ana Serafin
Data: 11 de junho (abertura às 19h30) até 29 de junho
Horário: visitação das 14 horas às 18 horas, de terça-feira a sábado
Local: Museu Guido Viaro
Endereço: Rua XV de Novembro, 1.348, Centro, em frente à Reitoria da UFPR.

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