Pólvora e Poesia
Espetáculo da Mostra Baiana no Fringe tem Arthur Rimbaud e Paul Verlaine como personagens
História e ficção, amor e ódio, encontros e desencontros na história de dois poetas franceses ícones. Arthur Rimbaud e Paul Verlaine, interpretados por Talis Castro e Caio Rodrigo, convidam o espectador a investigar o valor da consciência, do conceito e da ideologia no espetáculo “Pólvora e Poesia”, que faz parte do Festival de Curitiba, dentro da Mostra Baiana, no Fringe. Com premiado texto de Alcides Nogueira e direção de Fernando Guerreiro, a montagem foi uma das escolhidas pela curadoria assinada por Wagner Moura e Vadinha Moura e tem duas apresentações no Teatro José Maria Santos.
A Mostra Baiana integra o Programa de Difusão do Teatro da Bahia e é realizada pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia (SecultBA). O objetivo é promover a recente produção teatral baiana, estimulando o intercâmbio e apresentando um panorama deste cenário com encenações de qualidade técnica e artística.
O tiro que Verlaine deu em Rimbaud, marcando o ponto de rompimento de um relacionamento complexo e intenso, foi o ponto de partida para Nogueira criar o entorno da tumultuada relação. Não existe, explica do diretor, a intenção de contar a história dos dois, embora algumas referências históricas tenham sido usadas. “A emenda é o julgamento de Verlaine e a partir disso Nogueira mistura possíveis diálogos entre os dois, entremeados por vários poemas”, explica Guerreiro, que tratou de aumentar a quantidade de textos dos poetas na montagem. “Me apaixonei tanto pela poesia deles que coloquei mais poemas. Depois tive que, com muita dor, cortar para não virar um recital”, completa. Em torno de 15 poesias de Rimbaud e Verlaine permaneceram.
Em sua direção, Guerreiro destacou “essa grande história de amor”. “Quis tratar da dificuldade dessa relação e acho que com isso a história ganhou uma atemporalidade que a tornou mais universal”, observa. Uma das escolhas do diretor para a ambientação foi uma trilha sonora rock and roll ao contrário da sugerida pelo autor – mais clássica. “Alcides sugeriu Chopin. Mas, nas pesquisas descobri que Rimbaud é ídolo dos roqueiros. Ele foi um dos primeiros outsiders da história. Eu me perguntava qual é o som dessa peça e a resposta que me vinha sempre era: rock and roll”, conta. O músico convidado, Juracy Do Amor, ficou igualmente apaixonado pela história e não só criou uma trilha sonora original como entrou em cena para interpretar. “Ele interage com os atores. Ele é de fato um terceiro ator”, diz Guerreiro.
“Pólvora e Poesia” é um espetáculo para maiores de 18 anos. Uma das razões é que seu diretor quis tratar do tema sexo e homossexualidade de forma muito clara. “Conclui que para essa história tinha que ter sexo e não quis tratar como algo escuro e escondido. Resolvi a cena do encontro sexual dos dois ao vivo mesmo. E a partir disso, eles começam a se misturar e a perder a individualidade”, comenta.
Guerreiro destaca também o trabalho dos atores. “Entendo que o teatro tem que voltar ao seu essencial que, para mim, é o texto e o ator. Essa é encenação tem seu ponto mais forte no encontro desses dois eixos do teatro. São aspectos muito impactantes desse trabalho e acredito que é por isso que ele vem de uma trajetória de causar muito impacto. Muito disso vem da entrega dos atores aos personagens”, avalia.
Histórico
O espetáculo estreou em 2010 em Salvador e por onde passou atraiu atenções. Culminou com cinco indicações ao Prêmio Braskem de Teatro, dos quais ganhou nas categorias Melhor Montagem e Melhor Direção. Em 2012, durante sete meses, circulou pelo país através do projeto Palco Giratório do SESC em mais de 20 municípios em 12 estados brasileiros.
Fundada há seis anos pelo ator, produtor e publicitário Talis Castro, a Hiperativa Comunicação e Cultura atua desenvolvendo projetos artísticos e mercadológicos nas áreas de produção cultural e comunicação. Guerreiro é um premiado diretor, com mais de 30 anos de trajetória e que dirigiu sucessos de crítica e público como a apresentação teatral “Boca de Ouro” que ganhou o Prêmio Braskem de Melhor Espetáculo em 2002.
Ficha Técnica:
Alcides Nogueira (autor), Fernando Guerreiro (diretor), Hilda Nascimento (assistente de direção e preparadora de elenco), Caio Rodrigo e Talis Castro (atores), Juracy Do Amor (Diretor Musical e Guitar Man), Irma Vidal (Iluminação), Rodrigo Frota (cenário), Hamilton Lima (figurinista), Lucas Tanajura (Assessoria Coreográfica), Maira Lins (Fotógrafa) e Hiperativa Comunicação e Cultura (Produção/Comunicação). Classificação: 18 anos
Serviço:
Data e hora: 27/03/2013 às 21h e 28/03/2013 às 18h e 21h
Local: Teatro José Maria Santos
Ingressos: R$20,00
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CULTURA
Documentário revela Curitiba nos traços de Poty
Um dos artistas plásticos mais representativos de Curitiba, cuja história se confunde com a cidade, a começar pelo dia do nascimento, 29 de março, data do aniversário de ambos, é tema do documentário “Pelos Traços de Poty”, que a Cinemateca lança nesta terça-feira (26), às 20h. Dirigido por Karla Nascimento, com fotografia e montagem assinadas por Beto Carminatti e trilha original a cargo de Rodrigo Janiszewiski e Fabiano O Tiziu, a produção integra os festejos dos 320 anos de Curitiba e homenageia o artista falecido em 1998. A sessão, seguida de debate com a presença da diretora e equipe, tem entrada franca e classificação livre.
A vida e a obra de Napoleon Potyguara Lazzarotto, o Poty, são o foco do documentário filmado inteiramente em Curitiba, em tecnologia digital. Com 15 minutos de duração, o filme é uma experiência estética única, proporcionando ao público a oportunidade de (re)ver diversos trabalhos, entre capas de livros, vitrais e principalmente painéis em azulejo e em concreto, que retratam o cotidiano dos paranaenses. Obras que permitiram a Poty imprimir sua marca em Curitiba como nenhum outro nome. Seguir seus passos é redescobrir a cidade que tanto encantou o artista.
A produção reúne entrevistas de João Lazzarotto (irmão de Poty), Maria Ester (pesquisadora), Regina Casillo (historiadora de arte), Adoaldo Lenzi (artista plástico), Domicio Pedroso (artista plástico), Carlos Dala Estella (artista plástico) e Daniela Pedroso (arte-educadora).
Nascido em Curitiba em 1924, desde criança Poty mostrou-se apaixonado por desenhos e gravuras. Em 1946, partiu para estudar no Rio de Janeiro, tendo trabalhado com nomes consagrados do Modernismo, como Portinari e Di Cavalcanti. Depois foi aperfeiçoar técnicas em Paris. De volta ao Brasil, fixou-se em São Paulo, onde realizou uma série de painéis e murais. Ao retornar para Curitiba, dedicou-se a cobrir a cidade com suas obras. Também deixou impresso seu talento em outras localidades paranaenses. Seu último trabalho foi um painel em mosaico, para o Teatro Calil Haddad, de Maringá, concluído em 1997, mas somente inaugurado em 2000, dois anos depois de sua morte.
O curta, produzido com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba e incentivado pelo Banco do Brasil na modalidade do Mecenato, foi um dos três documentários selecionados em 2012 pelo Centro Técnico Audiovisual – CTAV para realizar os serviços de transferência para 35mm e mixagem de som. Ainda obteve o prêmio de Melhor Direção de Fotografia no Festival de Cinema Curta Amazônia (2012), além de integrar a seleção oficial do Festival Iberoameriano de Cinema de Sergipe (2012).
Serviço:
Estreia do documentário “Pelos Traços de Poty” (BR/PR, 2013 – 15’ – documentário – digital), dirigido por Karla Nascimento, seguida por debate com a presença da diretora e equipe.
Local: Cinemateca de Curitiba (Rua Carlos Cavalcanti, 1.174 – São Francisco).
Data e horário: dia 26 de março de 2012 (terça-feira), às 20h.
Entrada franca
Classificação livre
Informações: (41) 3321-3252
Para saber mais: http://pelostracosdepoty.blogspot.com.br/
Contato para a imprensa: Karla Nascimento – (41) 8444-2339
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