quinta-feira, 22 de março de 2012

Mefisto vira mulher em Fausto ComPacto
Peça com direção de Marcos Azevedo tem Luiz Damasceno no papel título e Selma Egrei na pele de Lúcifer
O duelo entre dr. Fausto e Mefisto é o foco central no espetáculo Fausto ComPacto, que a companhia Phila7 apresenta no 21.º Festival de Teatro de Curitiba, que acontece de 27 de março a 08 de abril. Trata-se de uma livre adaptação de “The Tragical History of Doctor Faustus”, uma das mais famosas e importantes peças escritas por Christopher Marlowe (1564-1593), assinada pelo também diretor Marcos Azevedo. As apresentações serão nos dias 29 e 30 de março, no Teatro Paiol, com o premiado ator Luiz Damasceno no papel título e Selma Egrei no papel de Mefisto.
O título brinca com o exercício que o grupo fez para compactar a obra original sem perder a essência. “Procuramos uma embocadura mais coloquial mantendo as imagens do autor”, comenta o diretor, que concentrou a trama em torno de quatro personagens. “Trouxe basicamente tudo de importante para discutir a relação entre eles. Mantive a estrutura poética sem me ater às aventuras de Fausto ao redor do mundo e, assim, focar nas questões mais íntimas”, completa. Este foi também um caminho que possibilitou trabalhar mais o mito, já que o desenlace da história é conhecido.  “Quis, de alguma maneira, traçar o perfil psicológico existencial deste ser incansável na busca do autoconhecimento. Ele é o fundador do homem contemporâneo que, para mim, é um constante insatisfeito com seu estágio de conhecimento”, analisa
Para Azevedo, é na subjetividade desse diálogo interno que está o que lhe interessa: uma reflexão do homem consigo mesmo e em relação a seus pactos com a vida. “Adaptei bastante o texto e meu Mefisto surge na forma feminina”.
Atores no centro – O diretor salienta que sua encenação “parte do ator como centro da cena, e tudo para ele converge”. Convidar Selma Egrei para encarnar Mefisto foi uma tentativa de “aproximar a figura da mulher, como representante do que é subversivo dentro das relações humanas”. O diretor lembra que o período da obra, a pós-Idade Média, é o começo de uma era mais humanista, mas ainda sem forte presença feminina. “Achei interessante ter essa força opositora, que funciona como parte de um ser único bipartido. Como Macbeth e Lady Macbeth, que nos estudos contemporâneos é considerada desdobramento dele”, comenta.  
Em 2011, Selma viveu a Consolação, a mãe da mocinha interpretada por Alinne Morais, na nova versão da novela O Astro, da Rede Globo. “Foi um desafio trabalhar com uma atriz tão intuitiva e talentosa. Aprendi a dirigir um pouco mais”, garante Azevedo.
Damasceno foi professor de Azevedo e, depois, parceiro de cena na Cia. de Ópera Seca. “Experimentamos juntos essa relação Fausto-Mefisto em Nowhere Man, que Gerald escreveu para ele”, lembra, citando uma das peças que o trouxe ao Festival de Curitiba.  “Esta foi a chance de oferecer a ele, que foi meu mestre, um espetáculo com envergadura”, completa.
Cenografia - A encenação, ambientada no quarto de Fausto, conta também com um apoio videográfico com a marca da pesquisa do diretor, que usa uma tela negra.  “A tela branca fica gritando quando não usada. No negro, as imagens surgem como o inconsciente do personagem e posso dar vazão ao elemento mágico que é tão presente na obra”, observa ele, que em sintonia com uma das linhas curatoriais, busca chegar a uma outra vertente com o “cruzamento das artes cênicas com novas tecnologia”.

Festival de Teatro de Curitiba - Marcos Azevedo aposta que o evento curitibano trará mais projeção ao trabalho, até agora apresentado apenas no interior paulista. E ele fala isso com base na experiência que tem de Festival de Teatro de Curitiba, do qual participou, calcula, de pelos menos 6 edições, inclusive como integrante da Cia. de Ópera Seca, a companhia criada por Gerald Thomas. E também esteve na primeira edição do Fringe, em 1998, com “Paixão de Cachorra”. No mesmo ano, apresentou na Mostra OficialCaliban, ambas já sem o aparato da companhia.  “Voltar agora para praticamente estrear em Curitiba, portanto, tem uma importância não só midiática. É também uma satisfação afetiva, por aquilo que o Festival de Teatro de Curitiba representa na minha vida”, finaliza ele, que vai reencontrar o antigo diretor, Gerald Thomas e o parceiro de Ópera Seca, Caetano Villela. “O que vai acontecer é que muita gente que sempre passou pelo Festival vai se encontrar outra vez — e isso é o mais importante do Festival de Teatro de Curitiba”.
Patrocinadores – O Festival de Teatro de Curitiba é apresentado pelo Itaú e patrocinado pela Britania, Copel, Heineken, Nissan, Petrobras e Fundação Cultural de Curitiba, com apoio do SESI. A Vivo é a operadora oficial do evento. ParkShoppingBarigüi, Shopping Mueller e Shopping Palladium são as bilheterias, enquanto a Lúmen é a rádio oficial do Fringe.
Nos eventos associados, a Heineken patrocina o Risorama. Já o Guritiba, que tem parte da renda revertida para o Hospital Pequeno Príncipe, é patrocinado por Mili e Denso. O Balaroti é o patrocinador do Mish Mash. E pela segunda vez o Gastronomix trabalha com princípios da Gastronomia Responsável difundidos pela Fundação Grupo Boticário.  O Festival de Teatro de Curitiba tem ainda a contribuição cultural (pela aquisição de ingressos), da Arauco, Brose, Empalux, Furukawa, Neodent, Ouro Verde Transp. E Locação Ltda, Potencial, Totvs, Unimed e Volvo.
História
Ao longo de duas décadas, o Festival de Teatro de Curitiba construiu uma história de sucesso que o consolidou como a grande vitrine para artistas e companhias de teatro do Brasil e do exterior. Mantendo o pé firme no teatro, mas atento às mudanças no mundo das artes, foi abrindo espaço para as diferentes manifestações artísticas. Nessa caminhada, também firmou a cidade como referência no cenário teatral brasileiro e reservou seu espaço na agenda cultural do país.

Há mais de quatro anos, ele é o carro chefe de uma grande reunião de manifestações culturais, ao lado de outros eventos já consagrados como Risorama, Gastronomix e Guritiba, abrigados sob o grande guarda-chuva do Festival de Curitiba.  Desde 1992, estréia que contou com grandes nomes do teatro brasileiro, como Antunes Filho, José Celso Martinez Correia e Gabriel Villela, março é o mês em que Curitiba transforma-se em um imenso palco, prestigiado, até agora, por 1,8 milhão de pessoas e que impactou 4 milhões.

Sinopse
Fausto ComPacto
Drama | São Paulo-SP | Teatro Paiol
29 e 30 de março às 21h
Livre adaptação do clássico de Christopher Marolwe. Fausto é um médico erudito que busca a magia negra para atender seus caprichos e sua inata curiosidade científica.  Ele invoca Mefisto para que seja seu servo por duas décadas, ao fim das quais, por contrato de sangue, dará sua alma a Lúcifer. Fausto revela o desejo e a ambição de superioridade, de sabedoria e de poder sobrenatural, além da curiosidade e da angústia em obter conhecimento. A montagem centra suas atenções nas questões éticas e morais do mito.  
Realização: Phila7 | Adaptação e direção: Marcos Azevedo | Elenco: Luiz Damasceno, Selma Egrei, Ricardo Homuth, Thiago Codinhoto | Direção de Arte: Mirella Brandi | Assistente de Direção: Fernanda Moura | Direção de Vídeo e Produção: Débora Gobitta | Trilha Original e Sonorização: Gustavo Pereira e Muepetmo |Cenografia: Marcos Azevedo e Debora Gobitta | Vídeo e Programação Visual: Karina Montenegro e Eduardo Fernandes | Figurino s: Carolina Semiatzh | Fotos: Ricardo Ferreira e Owaldo Righetti | Operador de Luz: Mirella Brandi | Operador de Som: Beto Matos | Operador de vídeo: Fernanda Vinhas | Direção de Produção: Marisa Riccitelli Sant’Ana | Elenco – projeções em vídeos: Beto Matos, Luciane Vitaliano, Bruna Camargo, Daniela Schmitz, Fernanda Moura, David Cejkinski, Paulo Pereira | Edição: Fernanda Vinhas | Maquiagem: Andrea Coimbra | Figurinos da cena do Imperador: Aby Cohen -Acervo do filme Primavera: Notábile Filmes |Classificação: 12 anos | Duração: 75 minutos

Fausto ComPacto
Drama | São Paulo-SP | Teatro Paiol
29 e 30 de março às 21h

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