sábado, 29 de maio de 2010
ENTENDENDO A MODA
Ilustração de Andre Vasconcellos
ENTENDENDO A MODA
por André Vasconcellos
“Porque estar por dentro é fundamental”
O fetiche nosso de cada dia
Na última matéria falei de como surgiram os calçados, sua funcionalidade em usos diversos e de sua evolução. Terminei a matéria citando que os sapatos são usados por muitos (independente de sexo ou sexualidade) como objeto de fetiche. Mas o que é FETICHE?
Embora muitas pessoas tenham ouvido falar sobre fetiches, poucos sabem realmente a sua real origem e significado. Fetiche (do francês fétiche, que por sua vez é um empréstimo do português feitiço cuja origem é o latim facticius "artificial, fictício") é um objeto material ao qual se atribuem poderes mágicos ou sobrenaturais, positivos ou negativos. Inicialmente este conceito foi usado pelos portugueses para referir-se aos objetos empregados nos cultos religiosos dos negros da África Ocidental. O termo tornou-se conhecido na Europa através do erudito francês Charles de Brosses em 1757.
Em psicologia o fetichismo é uma parafilia. O objeto do fetiche é a representação simbólica de penetração, tem conotação sexual, é um objeto parcial e não representa quem está por trás do objeto. Os fetiches mais comuns na sociedade ocidental são os pés (no Brasil, a adoração por pés recebe um nome especial: pedolatria), que também envolve os sapatos e a roupa íntima. Os objetos usados na prática do sadomasoquismo também são considerados fetiches e ainda a forma mais rara, atração por palhaços (palhaçolatria).
No mundo da MODA esse termo (e tema), é amplamente usado, sendo visto em inúmeras coleções de vários estilistas. Cinta liga, corselet, veludo, renda, couro, salto agulha e demais ícones da moda-fetiche visitam nossas vitrines todos os dias, e as práticas sexuais secretas se tornam menos secretas e mais inteligíveis a cada releitura. Esse comportamento iniciou-se a partir da década de 70, quando as imagens de "perversões sexuais" e seus acessórios foram reavaliados e inseridos num contexto cotidiano, atingindo status de “normalidade”.
Sendo assim, entendemos que, embora a roupa forneça elementos que denotem a informação de algo transgressor, sexual ou fantasioso, sua evolução trouxe padrões que tiraram o peso erótico de seu visual, tornando apenas uma sutil forma de provocação, sem a obrigação de servir ao seu propósito inicial, que seria o de instigar.
Isso não deixou de lado o caráter apelativo da fantasia, apenas deu a ela uma nova forma de expressão, que é mais aceita em sociedade, sem causar tanta polêmica.
Mas fora as roupas que são apenas inspiradas em fetiches, existem lojas que seguem seu contexto real de serventia e apostam no mercado sexual. Afinal de contas, ter fantasias é uma forma saudável de manter a vida amorosa aquecida para qualquer casal!
Dúvidas? Perguntas? Sugestões?
André Vasconcellos – Consultoria: bravomoda@uol.com.br
André Vasconcellos mora em Curitiba-PR, é estilista formado pela UNESA – Universidade Estácio de Sá (RJ), tendo seu trabalho reconhecido e premiado em vários concursos em todo o Brasil.
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