ENTENDENDO A MODA
por André Vasconcellos
“Porque estar por dentro é fundamental”
A Responsabilidade da Moda
Nesta coluna e em meu blog pessoal, por vezes toco no assunto da responsabilidade social e de como a Moda pode contribuir de forma positiva para o assunto. Não falo apenas no que diz respeito ao meio-ambiente, ou na produção sustentável que é o assunto em voga na mídia atual, mas também na responsabilidade que as roupas e acessórios tem sobre as pessoas.
Diversas publicações afirmam ou sugerem que a Moda “fala”, que existe todo um contexto de comunicação da roupa e que se pode dizer muito de uma pessoa pelo que ela veste. Concordo plenamente com tais afirmações. A roupa se comunica e dá pistas ou mesmo revela muito sobre quem a usa. Isso não é um problema quando a pessoa tem plena consciência disso e assume os riscos. A forma como uma pessoa se veste, maquia-se ou comporta-se está inserido dentro de seu livre arbítrio, e assim deve ser. Mas, e quando a roupa cobre quem ainda não tem consciência do seu verdadeiro papel ou função? Quando uma criança ou pré-adolescente se veste de forma inadequada, quem seria o responsável?
A mídia bombardeia as pessoas com informações e vivemos em uma sociedade de consumo, isso é fato, mas também é fato que crianças e pré-adolescentes, via de regra, não trabalham para bancarem seus gostos. Logo, os pais ou responsáveis diretos tem a influência sobre o que esses jovens usam, os locais que freqüentam e como se comportam. A responsabilidade direta é deles, tão somente!
Sei que o assunto é delicado, que há pessoas que podem até discordar de meu ponto de vista, e já até me vi censurado por tocar nesse assunto, mas como uma pessoa que trabalha com moda e inserida na sociedade e na mídia, vejo-me no direito e na obrigação de, no mínimo, alertar aos responsáveis sobre aquilo que seus filhos usam.
Em tempos em que um assunto recorrente na mídia são os escândalos de pedofilia, acho fundamental que a FAMÍLIA, essa entidade importantíssima, mas colocada em segundo plano em alguns momentos, tome as rédeas da situação e se faça mais presente na vida de seus filhos.
Não se trata de tolher ou controlar, e sim orientar para que certas situações não aconteçam e marquem negativamente uma vida para sempre.
Como exemplo, posso citar que recentemente estive em um desfile onde pré-adolescentes usavam vestidos minúsculos, em que se podia ver a roupa de baixo, outras usavam cinta liga com mini-shorts e até mesmo meias-arrastão com salto. Fora tudo isso, todas as meninas estavam usando maquiagem forte, totalmente inadequada à idade, sem contar o mal que faz à própria pele dessas jovens. Um absurdo!
O que surpreendeu-me mais ainda foi ver que uma empresa de mídia conceituada estava organizando o referido desfile, ou seja, alguém que tem a responsabilidade de formar opinião agiu como se não houvesse nenhum cérebro pensante por detrás do evento.
Mais uma vez insisto, aos responsáveis, pais e tutores de uma forma geral que orientem seus jovens sobre o que uma simples roupa, maquiagem ou acessório podem fazer. O papel principal no esclarecimento dos jovens deve ser exercido por quem tem a responsabilidade sobre eles.
A mídia abrange um número enorme de pessoas, e seu papel deveria ser o de conscientização e informação. Mas por trás dessa mídia, como em todos os segmentos de trabalho, há bons e maus profissionais, que geram boas ou más opiniões. Ela é livre, um status adquirido na história recente desse país. A censura não existe mais, a não ser quando é conveniente para alguns!
Agradeço a todos pela atenção e até a próxima semana!
Dúvidas? Perguntas? Sugestões?
André Vasconcellos – Consultoria: bravomoda@uol.com.br
André Vasconcellos mora em Curitiba-PR, é estilista formado pela UNESA – Universidade Estácio de Sá (RJ), tendo seu trabalho reconhecido e premiado em vários concursos em todo o Brasil.
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