domingo, 28 de fevereiro de 2010

ENTENDENDO A MODA! por André Vasconcellos.


ENTENDENDO A MODA!



por André Vasconcellos



“porque estar por dentro é fundamental”









No encontro anterior vimos como as tendências e influências chegam até os estilistas e como a moda é um fenômeno cíclico e contínuo.

Hoje falarei sobre a sutil diferença entre a MODA e os MODISMOS.

Não é incomum achar quem confunda os dois conceitos ou não saiba distingui-los. Afinal de contas, uma palavra deriva da outra.



Podemos dizer que a Moda, ainda que tida por muitos escritores como um fenômeno efêmero, ou seja, com uma curta duração, abrange um número muito maior de pessoas, atravessando continentes, aderindo a culturas e costumes diversos e sendo amplamente divulgada!



Exemplo prático: A mini saia! Na década de 60 uma estilista britânica chamada Mary Quant vislumbrou a possibilidade de encurtamento das saias. Chegou aos 30 cm de comprimento e ganhou não só o Reino Unido, mas também todo o mundo. De tempos em tempos a sua “invenção” retorna à Moda em várias releituras.



Já os MODISMOS surgem por acaso, sem regras e sem que algo tenha sido pesquisado e difundido. Tem uma duração ainda mais efêmera que a MODA e costuma atingir apenas alguns grupos específicos, em alguns lugares e não sofre reedições, via de regra!



Exemplo prático: Roque Santeiro, uma telenovela brasileira produzida pela Rede Globo e exibida entre junho de 85 e fevereiro de 86, com 209 capítulos, que tinha na personagem viúva Porcina (Regina Duarte) uma figura exótica e diferente por usar e abusar de penduricalhos e badulaques como acessórios. Logo os camelôs e outros comerciantes mais populares começaram a vender produtos similares aos da personagem. Eles viram ali um filão para agradar aos inúmeros fãs, que se identificavam com a heroína da trama! Esses acessórios foram populares enquanto durou a novela e somente em determinadas regiões do Brasil. Nada foi previamente programado, apenas aconteceu. Não há relatos do retorno dos adereços às lojas e nem ao comércio popular. Isso é um clássico exemplo de modismo!



Entretanto, há situações em que um determinado MODISMO pode virar MODA. Podemos citar o MOVIMENTO ou CULTURA PUNK, que surgiu em meados dos anos 70. Denomina-se “Cultura Punk” ao conjunto de estilos dentro da produção cultural que possuem certas características comuns àquelas ditas “punk”, como por exemplo o princípio de autonomia do “faça você mesmo”, o interesse pela aparência agressiva, a simplicidade, o sarcasmo niilista e a subversão da cultura. Entre os elementos da cultura punk estão o estilo musical, o design, as artes plásticas, o cinema, a poesia e também o comportamento (podendo incluir ou não princípios éticos e políticos definidos), além de expressões lingüísticas, símbolos e outros códigos de comunicação. Esse movimento gerou um MODISMO, que num primeiro momento repercutiu na MODA local, mas que nas décadas subseqüentes deixou o espaço restrito dos Estados Unidos e expandiu-se através de bandas musicais pela Europa e a partir daí ganhou a MODA em definitivo e o mundo.





Espero que tenha ficado clara a diferença entre os dois distintos fenômenos. No próximo encontro veremos o que é CONCEITO (ou MODA CONCEITUAL) e a diferença que tem em relação às FANTASIAS!



Dúvidas? Perguntas? Sugestões?



André Vasconcellos – Consultoria: bravomoda@uol.com.br





André Vasconcellos mora em Curitiba-PR, é estilista formado pela UNESA – Universidade Estácio de Sá (RJ), tendo seu trabalho reconhecido e premiado em vários concursos em todo o Brasil.

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